Entrevista com YEKINDAR: “Foi depois da Mirage que nos recuperamos, graças ao FalleN”

Entrevista com YEKINDAR: “Foi depois da Mirage que nos recuperamos, graças ao FalleN”

BLAST.tv Austin Major 2025 — Entrevista exclusiva

Durante a segunda fase do BLAST.tv Major em Austin, nossa equipe conversou com Mareks “YEKINDAR” Gaļinskis, jogador profissional de CS2 da equipe FURIA. Ele falou sobre o momento decisivo contra a B8, seu papel no time, a adaptação à comunicação internacional e sua motivação para voltar ao topo.

Olá, Mareks, parabéns por avançar para a terceira fase do Major! Qual foi o momento de virada na partida contra a B8? Vocês sentiram que conseguiram “ler” completamente o adversário?

— Olá, Anton. Muito obrigado 🙂
Na verdade, chegamos no mapa Mirage sem foco. Perdemos não só por isso — meu plano de jogo como CT não foi bom, e eles, em alguns momentos, conseguiram nos surpreender com respostas precisas. A economia estava difícil, foi complicado pegar ritmo. Depois do mapa, ninguém estava satisfeito.

Mas o FalleN conseguiu recuperar o espírito da equipe. Ele disse algo como: “Isso foi o mapa deles, agora é a nossa vez. Isso é uma série MD3, vamos reagir”. E isso realmente nos energizou.

Estávamos confiantes no nosso mapa Train. Mesmo começando perdendo por 0–4, mostramos personalidade e viramos. A comunicação melhorou, a sinergia apareceu, e foi aí que viramos a chave.

Seu papel na FURIA parece diferente do que era na Liquid. Mais liberdade ou mais responsabilidade?

— No começo da Liquid eu tinha liberdade, responsabilidade e respeito. Mas no final, senti que isso diminuiu — menos confiança, menos espaço, menos voz.

Eu sei que jogo melhor quando confiam em mim. Gosto de ter liberdade para controlar o lado CT, ajudar o capitão, sugerir ideias. O FalleN percebeu isso quase de imediato. Ele ouve o que eu tenho a dizer, assim como escuta todos os jogadores. Isso cria um ambiente de troca, nunca de imposição.

Essa abertura é fundamental. Quando todos compartilham da mesma filosofia, o time cresce junto.

Como está sendo a adaptação em um elenco internacional? A comunicação com os brasileiros flui bem ou ainda há dificuldades?

— Pra ser sincero, achei que seria mais complicado. Mas o FalleN, o KSCERATO e o yuurih têm um bom inglês. O jogador mais novo tem um inglês um pouco mais limitado, mas como eu falo russo, ele pode me perguntar direto, e eu explico o que ele precisa fazer em cada situação.

A FURIA pensou nisso com antecedência. Ter alguém russo para ajudar na transição foi uma escolha inteligente. E o inglês do garoto não é ruim — é funcional para o jogo e está melhorando todo dia.

Talvez, no primeiro campeonato em Astana, tivemos alguns problemas de comunicação. Mas quanto mais jogamos juntos, mais essas barreiras desaparecem. Fora do jogo, às vezes ele ainda se confunde com palavras novas ou temas complexos, mas entende o contexto. Isso basta.

Você comentou que está voltando ao seu auge. Essa partida é uma prova disso ou ainda tem chão pela frente?

— Sempre quero jogar melhor. Depois da minha saída da Liquid, tive tempo pra refletir sobre tudo. Comecei esse processo antes do Major da China — repensei minha vida, minha forma de ver o jogo, meus padrões cognitivos.

Resolvi questões pessoais e de visto. Minha namorada conseguiu se mudar pra Letônia comigo. Me sinto feliz de verdade. Na Liquid, o estresse só se acumulava. Essa pausa foi essencial.

Na FURIA, só recebo energia positiva. E isso ajuda muito: quando você está bem por dentro, tudo flui melhor. Ainda não estou no meu auge, mas estou no caminho. Essa fase se prova contra os melhores times — os “S-Tier”. Espero mostrar isso nas próximas partidas. O foco principal é o time atingir seu pico, mas também cuido da minha performance individual.

O que você mais valoriza atualmente na FURIA? A atmosfera, o estilo de jogo, os treinos? O que te motiva?

— Como já disse, o que mais gosto é a mente aberta da equipe. Ninguém pensa que existe “apenas uma forma certa” de jogar CS. Todo mundo está disposto a discutir, ouvir e chegar a um consenso.

Temos um mix único de estilos: a escola brasileira de CS, a mentalidade da CEI (ex-União Soviética), e minha experiência na Europa. Trazemos o melhor de três mundos. E o mais importante — todos estão abertos a tentar, testar, resolver juntos.

As funções dentro do jogo estão bem distribuídas. E se tudo está fluindo no servidor, fora dele também reina a paz (risos).

Agora vem a terceira fase do Major. Vocês têm expectativas específicas? Querem enfrentar algum time ou evitar alguém?

— Somos um time novo. Nem sabemos se esse elenco vai se manter. Nem se eu mesmo vou continuar na FURIA. Claro que seria legal, mas nem tudo depende só da gente.

Quero jogar contra os melhores — Vitality, Spirit… os tops. Porque são nesses confrontos decisivos que o time cresce de verdade.

Acreditamos que podemos ganhar não só desses times, mas o torneio inteiro. E se não acreditássemos nisso, nem faria sentido estar aqui.

Obrigado pela entrevista, Mareks! Boa sorte na próxima fase!

— Obrigado! E boa sorte pra vocês também 🙂

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